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quarta-feira, 10 de agosto de 2016

CRÔNICA: Era uma vez um Ano Eleitoral.

Frei Petrônio de Miranda, Padre Carmelita e Jornalista. Convento do Carmo da Lapa, Rio de Janeiro. Eleição Municipal 2016.
Contatos: Site: www.olharjornalitico.com.br;

Era uma vez um Ano Eleitoral, onde candidatos e candidatas prometiam fazer milagres para resolver todos os problemas daquela pobre cidade. Por sua vez, muitos eleitores se deixaram seduzir pelas promessas faraônicas e, fascinados pela oratória dos maquiavélicos políticos, acabaram votando nas promessas “sem pé e sem cabeça”. Mas a Eleição passou, e agora José?
Era uma vez um Ano Eleitoral, onde os candidatos e candidatas fizeram “das tripas o coração”, para conseguir o precioso voto. Mais uma vez, fizeram promessas que até os santos duvidaram. Alguns prometeram estrada novinha em folha, outros, aumentar o salário dos professores, outros ainda prometeram emprego, segurança pública. Outros, juraram de pé juntos que, se eleitos fossem, a zona rural teria água e a chamada seca verde estaria com os dias contados. Já outros, juraram perante Deus e o povo que, se necessário fosse, daria um pulinho até Brasília para defender os pobres que nunca tiveram ao longo de décadas, apoio de tais políticos. Mas a Eleição passou, e agora José?
Era uma vez um Ano Eleitoral recheado de números, de cores e de disse que me disse. “A cidade saiu ganhando”? Sim, ganharam as gráficas com as plotagens, ganharam as rádios e os jornais com os anúncios dos “santos candidatos e candidatas”, ganharam os cabos eleitorais que, enfrentando o sol e aos gritos, sustentavam as bandeiras partidárias em nossas pontes e ruas, ganharam os pequenos empresários de carro de som, ganharam os empresários de fogos, ganharam alguns radialistas e jornalistas que viraram garoto propaganda de alguns candidatos, ganharam vários moto taxistas e motoristas através das carreatas intermináveis, com o único objetivo de mostrar o poder econômico, a força política e assim, coagir o voto dos pobres que se deixaram levar pela emoção e fanatismo político. Mas a Eleição passou, e agora José?   
Era uma vez um ano eleitoral onde a pacata cidade, os sítios e povoados ficaram agitados. Todos se transformavam em pesquisadores, juízes, detetives e comentaristas político. Mas a Eleição passou, e agora José?   
Era uma vez um Ano Eleitoral onde o lobo mau se transformou em cordeiro, a fera e corrupta em bela e santa! O estulto em uma criança inocente e a princesa em Madre Teresa de Calcutá. Os empresários, os fichas sujas e corruptos da política saíram de suas fortificadas mansões e foram abraçar os maltrapilhos pobres e abandonados nos distritos, povoados, sítios, vilas e ruas. Alguns foram mais além chegando a comer  feijoada e sarapatel, um pão de queijo, um açaí na tigela, um pão com linguiça, tomando um gole de cachaça e jamais! Sob hipótese alguma, faltaram à festa do padroeiro, o velório do desconhecido e aquela falsa tapinha nas costas com cara de pecadora arrependida foi a marca registrada! Mas a Eleição passou, e agora José?   
Era uma vez um ano eleitoral, onde todos eram valorizados porque todos votavam. A Madame abraçava os doentes, o advogado ouvia o sem teto, o médico nunca fez tanta consultas em sua profissão. Mas a Eleição passou, e agora José?   
Era uma vez um Ano Eleitoral onde os santos e santas não precisaram se preocupar com os problemas da cidade; a dor de barriga, a enxaqueca, a violência... Não, não! Porque os candidatos das eternas promessas estava de plantão até às 24 horas para resolver os problemas possíveis e impossíveis. Mas a eleição passou, e agora José? 
Era uma vez um Ano Eleitoral, onde algumas beatas esqueceram os ensinamentos de misericórdia e do diálogo, o sacristão confundia o sino com os fogos do seu partido, o padre ficava de “saia justa” diante do assédio dos candidatos e candidatas. Quanta caridade para as comunidades, grupos, associações e movimentos.  Mas a eleição passou, e agora José?   
E agora, o que vamos fazer José? Se não tem eleição, se não tem candidato, se não tem comício, se não tem carreata, se não tem a Madre Teresa de Calcutá para abraçar as crianças, se não tem partido, se não tem propaganda eleitoral, se não tem choro, se não tem fanatismo, se não tem bandeira nas ruas, se não tem carro de som, se não tem velório, se não tem casamento de boneca, se não tem festa de padroeiro com candidatos e candidatas? Se não tem eventos esportivos? O que fazer José!? Há já sei... Vamos aguardar as próximas Eleições para Presidente, Deputado, Senador e Governador porque aí as conversas nas praças e ruas voltarão e os “empresários da política” que não sabem fazer outra coisa, a não ser roubar os votos dos pobres, também continuarão de plantão, enquanto os pobres, as eternas vítimas de sempre, vão permanecer sem água potável, trabalho, segurança, saúde, educação, esporte e lazer. Ah Ah Ah... José! O que fazer José? E agora?...
Convento do Carmo da Lapa, Rio de Janeiro. 9 de agosto-2016. 

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