Investigado
por suspeita de assediar adolescentes e afastado de centro comunitário por
decisão da Justiça, padre de distrito de Diamantina enfrentou suspeitas por
onde passou
Distrito de
São João da Chapada, onde sacerdote é investigado: segundo documento, no fim
dos anos 1990 religioso foi removido de entidade do Rio Grande do Sul depois de
acusação (foto: Luiz Ribeiro/EM/D.A Press)
Diamantina – O padre investigado por suspeita de abuso em São João da Chapada,
distrito de Diamantina, no Vale Jequitinhonha – proibido pela Justiça de
frequentar o centro infantil que dirigia –, já foi denunciado por assédio a
menores em uma cidade do Sul do país. Nos lugares por onde passou, há um
histórico de acusações relativas ao seu comportamento, situação descrita em
documento expedido pela coordenação da própria a instituição religiosa ao qual
ele pertence, a Fraternidade, Palavra e Missão, ao qual o Estado de Minas teve acesso. O
documento foi juntado ao material reunido durante as investigações, que correm
sob sigilo.
Saiba mais
O documento
da fraternidade diz que “no final dos anos 1990”, o padre agora investigado em
São João da Chapada “foi flagrado por assistentes sociais fazendo (sic) assédio
a menores em um banheiro de uma obra social em Santa Cruz do Sul”. Segundo o
relatório, “a situação não foi tratada a fundo, porque o bispo (não
identificado) exigiu que o padre fosse retirado da diocese”. Logo depois do
episódio, o envolvido passou a “prestar serviços” em São Leopoldo e Santa
Maria, no Rio Grande do Sul, estado onde permaneceu até 2007. A Fraternidade,
Palavra e Missão também descreveu à época que “em todos os lugares por onde ele
(o sacerdote investigado) passou, sempre houve denúncias e conversas quanto ao
comportamento ‘não muito saudável’ do padre”.
Uma fonte de dentro da Igreja Católica, que conhece a trajetória do religioso, mas prefere não se identificar, confirmou ao EM a veracidade do documento e acrescentou que, na época, os assistentes sociais da unidade não levaram o caso à Justiça e optaram por “silenciar” o assunto. “Esses funcionários trabalhavam no Centro Comunitário Infantil de Santa Cruz do Sul, que foi desativado em 2010 e transformado em uma instituição de atendimento a idosos”, informou a fonte.
Uma fonte de dentro da Igreja Católica, que conhece a trajetória do religioso, mas prefere não se identificar, confirmou ao EM a veracidade do documento e acrescentou que, na época, os assistentes sociais da unidade não levaram o caso à Justiça e optaram por “silenciar” o assunto. “Esses funcionários trabalhavam no Centro Comunitário Infantil de Santa Cruz do Sul, que foi desativado em 2010 e transformado em uma instituição de atendimento a idosos”, informou a fonte.
Além de
confirmar a denúncia que foi acobertada, o integrante da Igreja revela haver
conhecimento sobre uma “disfunção emocional” do sacerdote. “Ele tem um desvio,
uma patologia para abuso de menores. Nunca tivemos casos concretos de abuso,
mas sempre se falou em situações de assédio”, explica a fonte, referindo-se a
situações de cerceamento de menores, oferta de presentes, abraços muito
carinhosos e criação de vínculos emocionais com crianças e adolescentes.
A fonte
revelou ainda que o investigado teria comportamento oscilante. “Ele tem reações
de intolerância. Já agrediu fisicamente uma voluntária do centro comunitário
infantil. Deu um murro nessa pessoa. Quem convive com ele relata que ele
alterna o comportamento de coronel e com o de cordeirinho”, disse a fonte. “Já
foi orientado a se tratar inúmeras vezes, mas nunca quis”, contou.
Medidas cautelares
Natural de
São Leopoldo (RS), o religioso envolvido nas denúncias tem 51 anos e completou
23 de ordenação em 26 de fevereiro. Ele começou a trabalhar em São João da
Chapada em 2013. As últimas denúncias vieram à tona em outubro do ano passado.
Inicialmente, foram feitas ao Conselho Tutelar e depois encaminhadas ao
Ministério Público e à Polícia Civil. As investigações são comandadas pela
delegada Kiria Orlandi, que chegou a pedir a prisão preventiva do suspeito, após
ouvir várias testemunhas e identificar duas vítimas, uma delas um rapaz de 18
anos, que relatou ter sofrido uma série de abusos sexuais durante os dois
últimos anos, além de um adolescente de 13. Durante a apuração, de acordo com
uma fonte, há relatos de que o suposto assédio teria sido cometido nas próprias
instalações da Igreja Católica e na entidade onde o padre trabalhava.
Com base nas investigações, o juiz Fábio Henrique Vieira, da 2ª Vara da Comarca de Diamantina, determinou uma lista de medidas cautelares a serem cumpridas pelo padre, sendo uma delas a proibição de frequentar o Centro Comunitário Infantil que dirigia e onde morava havia três anos, em São João da Chapada. Também foi impedido de manter contato com as cerca de 100 crianças e adolescentes atendidas pela entidade e de se aproximar de testemunhas.
Com base nas investigações, o juiz Fábio Henrique Vieira, da 2ª Vara da Comarca de Diamantina, determinou uma lista de medidas cautelares a serem cumpridas pelo padre, sendo uma delas a proibição de frequentar o Centro Comunitário Infantil que dirigia e onde morava havia três anos, em São João da Chapada. Também foi impedido de manter contato com as cerca de 100 crianças e adolescentes atendidas pela entidade e de se aproximar de testemunhas.
Há duas
semanas, o padre se mudou para a casa paroquial de São João da Chapada, mas
teria saído do povoado desde a noite de domingo, após celebrar a missa que
comemorou os seus 23 anos de ordenação. Ouvido ontem pelo EM, o advogado Cássio Malta Scuccato,
um dos defensores do padre, informou que seu cliente “nega veementemente as
acusações”. “Até agora, só foram ouvidas testemunhas de acusação e nenhuma de
defesa. A perícia em materiais apreendidos do padre (celular, HD externo e
computador) também não foi feita. Estamos aguardando a decisão do inquérito,
mas temos a convicção de que ele não será nem mesmo indiciado, pois faltam
provas”, disse o advogado. Segundo ele, a denúncia é caluniosa.
O EM fez contato ontem com a
Diocese de Diamantina para tratar do assunto, mas a informação é de que o
arcebispo dom João Bosco Oliver de Faria estava viajando. Já o superior da
Fraternidade, Palavra e Missão – à qual o religioso investigado pertence – padre
Cyso Assis Lima, informou que aguarda um posicionamento das autoridades
eclesiásticas de Diamantina, a quem primeiro cabe tomar qualquer atitude diante
da situação. Fonte: http://www.em.com.br
Nenhum comentário:
Postar um comentário