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quarta-feira, 4 de março de 2015

Quem escolhe um novo bispo?

O direito-dever da nomeação dos bispos volta à atualidade também na arquidiocese de Trento, na Itália, e repropõe questões demétodo sobre problemas canônicos e eclesiológicos longe de estarem resolvidos.
A reportagem é de Luigi Sandri, publicada no jornal Trentino, 02-03-2015. A tradução é de Moisés Sbardelotto.
Dom Luigi Bressan, desde março de 1999 pastor da Igreja tridentina, no dia 9 de fevereiro passado, completou 75 anos e, por isso, segundo as normativas em vigor desde o pós-Concílio, ele apresentou a sua renúncia ao papa, que vai decidir quando irá acolhê-la e quando irá nomear o seu sucessor.
O procedimento, para o mesmo caso, se repete para todas as dioceses da Igreja latina. Portanto, embora tome impulso a partir de um fato local, aqui abrimos um discurso de caráter geral.
Nos primeiros séculos do cristianismo, era o povo inteiro dos batizados que escolhia o próprio bispo, que, depois, obviamente, era consagrado. Essa práxis também não era isenta de problemas, e muitas vezes surgiam contrastes entre grupos que apoiavam candidatos diferentes.
Por essa razão, pouco a pouco, o direito de escolha foi reservado ao clero e aos nobres e, depois, apenas ao clero. E, após desentendimentos entre a Cúria Romana e o império, por fim, o papa se reservou o direito de nomeação – salvo exceções – para as dioceses latinas.
O Concílio Vaticano II exaltou o valor teológico da "Igreja local" (a diocese), mas não mudou os procedimentos de nomeação dos bispos, deixando, portanto, nas mãos do papa um grande poder, acrescido do fato de que, no rastro do Concílio, ficou estabelecido – uma novidade absoluta na história da Igreja romana! – que cada bispo, ao completar 75 anos, apresentaria a sua renúncia ao Sumo Pontífice que, depois, decidiria se a acolheria.
De fato, não é de todo evidente que, mesmo depois do Vaticano II, a "centralização" romana continue inalterada, sem restituir às Igrejas locais a responsabilidade de escolher o próprio pastor (entre o clero da diocese ou mesmo de fora, dependendo das circunstâncias e das necessidades).
Nesse sentido, o teólogo belga-brasileiro José Comblin escreveu: "Não haverá mudanças de relevo na Igreja romana se não se começar com uma mudança radical do sistema de nomeação dos bispos", atualmente nas mãos dos núncios e, depois, da Cúria.
E como mudar? A esse respeito, circulam várias hipóteses. Por exemplo, se poderia dar peso e valor aos Conselhos de Pastoral e Presbiteral da diocese, cujos membros são, de algum modo, eleitos: os dois órgãos seriam envolvidos na escolha da terna dentro da qual o papa, por fim, escolheria o novo bispo.
Prosseguir na direção de envolver realmente os fiéis, em modos a serem definidos, na escolha do próprio pastor pode surpreender apenas aqueles que ignoram a história da Igreja. E os que são contra a (antiga) tradição são precisamente aqueles que negam para hoje uma práxis normal e pacífica há tantos séculos.

Portanto, seria bom se a diocese de Trento, que no século XVI hospedou um Concílio, abrisse, hoje, um debate sobre uma questão crucial para tornar verdadeiro o Vaticano II, que definiu a Igreja como "povo de Deus". Fonte: http://www.ihu.unisinos.br

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