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sexta-feira, 27 de março de 2015

Quando São Januário conquista até o papa

Mas "'o sant' guappone" encorajou ou não o Papa Francisco? Três dias depois da visita, ainda há debate em Nápoles: o sangue da ampola dissolvido pela metade significa que São Januário [San Gennaro] encoraja o papa a avançar no seu caminho ou lhe sugere mais cautela?  É um "meio fracasso" ou um "meio milagre", como interpretou o pontífice, servindo-se da dissolução incompleta para encorajar os fiéis a darem mais?
A reportagem é de Gian Antonio Stella, publicada no jornal Corriere della Sera, 25-03-2015. A tradução é de Moisés Sbardelotto.
O fato é que fiéis, não crentes e ateus, 17 séculos depois do martírio do bispo decapitado, ainda estão lá discutindo em torno do "milagre" e da fé popular que o rodeia. Tão arraigada a ponto de levar a própria Igreja, recalcitrante em relação a certas devoções que têm algo de pagão, a se deixar "conquistar".
Tudo se deve, escreveu Pietro Treccagnoli, ao perfil do santo: "São Januário é um santo interclassista e interconfessional, seguramente pop, com uma iconografia que atravessou os séculos, da grande arteao artesanato mais grosseiro, passando pelo barroco ao merchandising".
Um santo que "nunca diz não. Mas, até sábado passado, havia dito não justamente aos papas. Nada de milagre para Pio IX, João Paulo II e Bento XVI. Na presença de Francisco, homem do Sul, ele mudou de ideia".
Um santo capaz de apaixonar até mesmo Alexandre Dumas, que lhe dedicou páginas memoráveis: "São Januário não teria existido sem Nápoles, nem Nápoles poderia existir sem São Januário. É verdade que não existe nenhuma cidade no mundo que, mais vezes do que esta, foi conquistada e dominada pelo estrangeiro; mas, graças à intervenção ativa e vigilante do seu protetor, os conquistadores desapareceram, e Nápoles permaneceu. Os normandos reinaram sobre Nápoles, mas São Januário os expulsou. Os suábios reinaram sobre Nápoles, mas São Januário os expulsou. Os angevinos...".
Nada de sorrisinhos, explicou Luciano De Crescenzo, que é engenheiro, mas, antes ainda, napolitano: "Os napolitanos podem parecer um povo de crédulos, que confiam na lenda de São Januário e do seu sangue", mas, "se realmente os napolitanos são tolos, não vão além da média nacional. Então, o que dizer dos horóscopos, do zodíaco, que enlouquecem nos jornais até muito notáveis, nos telejornais, na web? Digam-me vocês se são mais tontos os napolitanos que acreditam no sangue que se dissolve, ao qual, ao menos, podem assistir ao vivo, ou se são mais imbecis aqueles que esperam se apaixonar porque Vênus entrou no seu signo".

Difícil dizer que ele esteja errado. Fonte: http://www.ihu.unisinos.br

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