Neste segundo dia de Retiro Espiritual,
o pregador carmelita, Padre Bruno Secondin, propôs uma reflexão bíblica,
baseada na leitura pastoral do profeta Elias, que teve como tema: “Servidores e
profetas do Deus vivo”.
Na sua introdução, o pregador recomendou
a “sair da própria aldeia” e a frequentar a “escola da misericórdia” como o
profeta Elias. Praticamente uma continuação do tema que refletiu, ontem, sob o
exemplo do profeta, ou seja, viver uma “vida de periferia”.
O acontecimento de Elias, narrado no
livro dos Reis (17, 1-17), sugeriu ao Padre carmelita um sério exame de
consciência pessoal, com base na “Palavra de Deus”, que busca levar o discípulo
do Senhor a imergir nesta grande fonte de riqueza.
Padre Secondin explicou que suas
meditações não pretendem seguir uma ordem cronológica, mas os grandes cenários
da Escritura, propondo uma “leitura pastoral e sapiencial” das vicissitudes de
Elias. Este é um profeta que caminha e não se detém em um lugar fixo; é um homem
em contínuo movimento, um ótimo companheiro de viagem, que passa por tantas
experiências de purificação pessoal.
Com efeito, ele se põe a caminho rumo a
muitos centros de poder, mas, sobretudo, às “periferias e as fronteiras
geográficas existenciais”, colocando-nos diante de tantos problemas, até os
mais interiores. Aqui, o pregador coloca em realce a “fragilidade e a
vulnerabilidade” de Elias.
Para compreende melhor a missão do
profeta é preciso inseri-lo no seu contexto histórico. Ele era originário de uma
região periférica, de pouco bem-estar e religiosidade tradicional. Desta forma,
ele tem uma reação diante de uma nova realidade de “depravação religiosa e
social”: comercial, militar e agrícola, que produziam bem-estar, a ponto de
causar vertigem. Aqui, pode-se acrescentar a presença de novos deuses, que
causavam transtorno na vida do povo.
Neste estado de confusão moral, de
depravação e de perda de identidade, o verdadeiro Deus era considerado bom
apenas pelas pessoas ignorantes. Por isso, Elias reage duramente e as ameaça,
por conta própria e não por ordem de Deus.
Nestas alturas, Deus faz ouvir a sua voz
e pede a Elias para ir embora, ou seja, devia “ouvir, obedecer e deixar que
Deus fosse seu Deus”. Deus pediu-lhe para “tomar distância, ir contracorrente,
viver em solidão”, afim de “purificar-se, reencontrar as próprias raízes e a
razão da sua fidelidade”. O próprio encontro do profeta com a viúva de Sarepta
nos recorda que também os “pobres nos evangelizam”.
Logo, o objetivo das vicissitudes de
Elias era fazer do amor de Deus o centro da sua existência, confiar em Deus.
Desta maneira, Deus pede ao profeta certo desapego dos seus planos pessoais,
para aprender a obedecer e a ouvir a Deus, deixando-o atuar livremente.
Ao término da sua meditação, o pregador
carmelita convidou os presentes a um sério exame de consciência, com base no
comportamento de Elias: será que, algumas vezes, perdi a paciência? Falei claro
ou atrás dos bastidores, murmurando e alimentando conversas fiadas? Comporto-me
com sobriedade sã e serena? Deixo-me arrastar pelo meu consumo desenfreado na
vida, pelas coisas que me circundam, pelo modo de me vestir?
O pregador acrescentou ainda: mantenho a
alegria e o frescor pelo meu primeiro amor ou desanimei? Mantenho uma vida de
periferia ou gosto de estar ao centro da atenção e das honras? Tenho confiança
na Providência ou sou fanático em programar tudo e a esperar os resultados?
Enfim, entre tais idolatrias, o pregador
do Retiro chamou a atenção dos presentes para não cair na tentação de querer
misturar tudo, criando uma religiosidade “confusa e sincretista”. (MT) Fonte: http://br.radiovaticana.va
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