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sábado, 31 de janeiro de 2015

Mulher que foi confidente de papas agora é candidata à santidade.

Uma leiga (provavelmente a mais poderosa na Igreja Católica no século XX) é candidata a santidade, após a abertura do processo de beatificação nesta terça-feira, na Itália, evento acompanhado por 18 mil pessoas ao redor do mundo via transmissão ao vivo na internet. A reportagem é de Inés San Martín, publicada por Crux, 28-01-2015. A tradução é de Isaque Gomes Correa.
Chiara Lubich, fundadora do movimento dos Focolares, morreu em 2008 aos 88 anos. A tentativa de declará-la santo veio logo após o período obrigatório de 5 anos de espera exigido pelo Direito Canônico para que se abra o processo de beatificação.
Na terça-feira (27-01-2014), Dom Raffaello Martinelli, da Diocese de Frascati, Itália, oficializou a abertura do processo. Frascati é a diocese onde se localiza a sede internacional dos Focolares e onde Lubich foi enterrada depois do funeral em Roma, que teve cerca de 40 mil pessoas assistindo.
Os Focolares – que em italiano significa “lareira, lar, casa” – é um movimento católico fundado por Lubich em Trento durante a Segunda Guerra Mundial com o objetivo de promover a unidade. Ao longo dos anos, o grupo se tornou particularmente ativo no diálogo ecumênico e inter-religioso, e atualmente conta com cerca de 100 mil membros em 182 países.
Os Focolares são também o único movimento na Igreja Católica cujos estatutos exigem que o presidente do grupo seja uma mulher.
Durante os papados de João Paulo II e Bento XVI, Lubich foi uma confidente próxima e, provavelmente, a leiga mais visível no catolicismo.
O Papa São João Paulo II, por exemplo, pediu a participação dela como observadora em vários encontros do Sínodo dos Bispos.
Sobre a sua morte em 2008, Bento XVI falou de Lubich como a “fundadora de uma grande família espiritual que abraça múltiplos domínios de evangelização” e expressou a sua admiração pelo constante compromisso de Lubich com a comunhão na Igreja, com o diálogo ecumênico e com a fraternidade entre todos as pessoas.
Nasceu em Trento em 1920, recebendo o nome Silvia Lubich. A admiração que tinha por Santa Clara de Assis a levou a adotar Chiara, que é a forma italiana do nome.
Em 1943, após consultar um padre, fez, em privado, votos consagrando-se a Deus e, aos poucos, começou a formar um círculo de companheiras que liam os Evangelhos em grupos. Estes encontros foram o começo do que é hoje movimento dos Focolares, também conhecido como “Obra de Maria”.
Em seu primeiro – e até então único – encontro com os delegados do movimento ocorrido em setembro passado, o Papa Francisco chamou os Focolares de uma “pequena semente no centro da Igreja Católica que, ao longo dos anos, trouxe vida à árvore”.
Esta árvore, disse o pontífice, “agora estende seus ramos em todas as expressões da família cristã e também entre os membros das diversas religiões e entre muitos que cultivam a justiça e a solidariedade na busca da verdade”.
Os Focolares começaram o seu diálogo ecumênico em 1961 e forjaram laços com judeus, budistas, muçulmanos, hindus e outros, incluindo a Sociedade Americana de Muçulmanos, fundada pelo falecido Imã Warith Deen Mohammed.
Ao falar à Rádio Vaticano, Maria Voce, que sucedeu Lubich na presidência do movimento, disse que uma grande quantidade de documentos, cartas e vídeos de Lubich foi entregue à diocese para que o tribunal eclesiástico possa estudar a causa de santidade.
Com estas informações coletadas, o tribunal determinará se Lubich viveu as virtudes cristãs de maneira heroica e merece ser declarada venerável. Se sim, a atribuição de um milagre à sua intercessão seria, sem seguida, o pedido normal para a beatificação, e um outro seria necessário para declará-la santo.
Na mesma entrevista de Voce, datada de 20 de janeiro, a religiosa disse que a santidade de Lubich pode ser vista em sua normalidade, chamando-a de um exemplo de santo ao “levar uma vida normal”.
Todo o extraordinário em sua “vida normal é fruto que vem de Deus, da relação de Chiara com Deus e da relação normal dela com as pessoas”, disse Voce.
Se Lubich for eventualmente declarada beata, ela será a segunda membro do movimento a receber tal homenagem. Chiara “Luce” Badano, menina italiana que morreu aos 19 anos após uma batalha de dois anos contra um câncer ósseo, foi beatificada em 2010.

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