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terça-feira, 16 de dezembro de 2014

“A rigidez é sinal de um coração fraco”, disse o Papa Francisco.

“Jesus nunca negociava seu coração de Filho do Pai, mas estava tão aberto às pessoas, buscando caminhos para ajudar...”. A afirmação foi feita pelo Papa Francisco durante a homilia matutina na Capela da Residência de Santa Marta, de acordo com a Rádio Vaticano, recordando que o cristão é misericordioso e que a rigidez é sinal de um coração fraco. A reportagem é de Andrea Tornielli e publicada no sítio Vatican Insider, 15-12-2014. A tradução é de André Langer.
O Papa comentou o Evangelho do dia no qual são relatadas as perguntas dos sacerdotes que perguntavam a Jesus com que autoridade era realizava as suas obras. Uma pergunta, explica Bergoglio, que demonstra o “coração hipócrita” desta gente: “A eles não interessava a verdade”, se deixavam levar pelo vento, agiam como ‘bandeiras, ora para cá, ora para lá’; todos sem consistência. Corações sem consistência: negociavam tudo: a liberdade interior, a fé, a pátria; menos as aparências. A eles importava apenas sair bem das situações”. Eram oportunistas, “tiravam proveito das situações”.
Francisco continuou citando uma possível objeção: “Alguém de vocês pode me dizer: ‘Mas, padre, aquele povo era observante da lei. Aos sábados não caminhavam muito, nunca iam à mesa sem lavar as mãos, eram pessoas muito seguras de seus hábitos’. Sim, é verdade, mas nas aparências. Eram fortes, mas eram ‘engessados’. Seu coração era fraco, não sabiam no que acreditavam. E por isso, sua vida era toda regrada por fora, mas seu coração ia para o outro lado: tinham o coração fraco e a pele engessada, forte, dura. Jesus, ao contrário, nos ensina que o cristão deve ter o coração forte, o coração sólido, o coração que cresce sobre a rocha que é Cristo, e caminha com prudência. Com o coração, com a rocha, não se negocia!”
“Este é o drama da hipocrisia daquele povo, e Jesus nunca negociava seu coração de Filho do Pai. Era muito aberto às pessoas, procurava caminhos para ajudar. ‘Isto não se pode fazer, a nossa disciplina, a nossa doutrina diz que não se pode fazer!’, diziam aquelas elas. ‘Por que teus discípulos comem o trigo nos campos, quando caminham, aos sábados? Não se pode fazer. Eram muito rígidos em sua disciplina: a disciplina não se toca, é sagrada’”.
O Papa Francisco recordou quando “Pio XII nos libertou daquela cruz tão pesada que era o jejum eucarístico”: “Mas alguns de vocês talvez se lembrem. Não se podia beber nem mesmo uma gota d’água. Nem isso! E para escovar os dentes, a água não deveria ser engolida. Mas eu mesmo, quando jovem, fui me confessar porque acreditava que tivesse engolido uma gota d’água. É verdade ou não? É verdade. Quando Pio XII mudou a disciplina – ‘Ah, heresia! Não! Tocou a disciplina da Igreja!’ – muitos fariseus se escandalizaram. Muitos. Porque Pio XII fez como Jesus: viu as necessidades das pessoas. ‘Mas coitados, com tanto calor!’ Esses padres que celebravam três missas, a última à uma da tarde, depois do meio-dia, em jejum. A disciplina da Igreja. E esses fariseus eram assim – ‘a nossa disciplina’ – rígidos na pele, mas, como Jesus lhes diz, ‘podres no coração’, fracos, fracos até a podridão. Tenebrosos no coração”.
“Também a nossa vida pode se tornar assim – disse Francisco –, inclusive a nossa vida. E algumas vezes, lhes confesso, quando vi um cristão, uma cristã assim, com o coração fraco, não firme sobre a rocha – Jesus – e com tanta rigidez fora, pedi ao Senhor: ‘Mas Senhor, jogue uma casca de banana para que dê uma bela escorregada, se envergonhe de ser pecador e assim encontre a Você, que é o Salvador’. Eh, muitas vezes um pecado nos faz envergonhar tanto e encontrar o Senhor, que nos perdoa, como esses doentes que estavam aqui e iam ao Senhor para se curar”.
Na sequência, o Papa observou que “as pessoas simples não se equivocam”, não obstante as palavras desses doutores da lei, “porque as pessoas sabiam, tinham aquele faro da fé”. O Papa conclui a homilia com esta oração: “Peço ao Senhor a graça que o nosso coração seja simples, luminoso com a verdade que Ele nos dá, e assim possamos ser amáveis, perdoadores, compreensíveis com os outros, de coração magnânimo com as pessoas, misericordiosos. Jamais condenar, jamais condenar. Se você tem vontade de condenar, condene a si mesmo, que algum motivo terá, eh?”
“Peçamos ao Senhor a graça que nos dê esta luz interior, que nos convença que a rocha é somente Ele e não tantas histórias que inventamos como coisas importantes; e que Ele nos diga – Ele nos mostre! – o caminho, Ele nos acompanhe na estrada, Ele nos alargue o coração, para que possam entrar os problemas de muitas pessoas e Ele nos dê uma graça que elas não tinham: a graça de sentir-nos pecadores”.


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