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terça-feira, 16 de setembro de 2014

À revelia da CNBB, padre apoia candidato.

"Enquanto não sabemos em quem vamos votar, as igrejas pentecostais, sim, sabem em quem vão votar", disse o padre Paulo Bezerra no salão repleto de fieis do centro comunitário da Igreja de Nossa Senhora do Carmo, em Itaquera, zona leste de São Paulo.
"Nunca declarei voto antes, mas dessa vez, sim. Estou com Daniel e com Adriano", anunciou, citando Daniel Lima (PSOL) e Adriano Diogo (PT), seus nomes para a Assembleia e para a Câmara.
A reunião, na noite da última sexta (12), fora convocada para discutir a conjuntura política, as eleições e os desafios da evangelização em Itaquera. Pouco antes de o padre falar, uma enquete sobre quem seriam os candidatos a deputado colheu magros resultados no público de pouco mais de cem pessoas.
O padre anunciou que o centro da igreja promoveria debates entre candidatos com todos os nomes sugeridos e, também, um encontro só com seus escolhidos. "Quem é que abre as portas para a gente negociar na Cohab, na CDHU?", disse, defendendo sua preferência por Diogo.
Na reunião Bezerra só se referiu à disputa presidencial para convidar o público a assistir ao debate promovido pela CNBB hoje (leia texto ao lado). Na página do centro no Facebook, porém, ele defende Marina Silva (PSB) da "demonização" do PT.
Também publicou vídeo da campanha de Diogo onde há depoimentos dele próprio e do bispo de Mogi das Cruzes, Pedro Luiz Stringhini, que recomenda "prestigiar" o trabalho do candidato.
Bezerra não é o único a considerar limitadoras as orientações da CNBB de que os sacerdotes não podem declarar voto, só apontar critérios de seleção, como valores cristãos e "ficha limpa".
Há os que preferem levar candidatos ao altar ou turbinar as orientações do comando católico com exortações contra partidos ou "contribuições pessoais", como a feita por Aldo Pagotto, arcebispo da Paraíba, que decidiu distribuir cartilha na qual critica o programa Bolsa Família e a alta de impostos.
"Não gosto de declarar voto. A gente fica exposto", disse o padre à Folha. "Muito eleitor vai votar em qualquer um que lhe entregar um papelzinho. Essa pessoa é boa? Então fala que ela boa. Não é impor ninguém."
A poucas quadras da igreja, a empregada doméstica Maria Alves, 70, não tinha hesitações. Questionada, no dia anterior, sobre em quem votaria para deputado, indicou uma mesinha dentro do templo da Igreja Mundial.
Entre a profusão de material religioso da igreja neopentecostal, santinhos dos candidatos apoiados: Rodrigo Moraes (PSC), para Assembleia Estadual, e o Missionário José Olímpio (PP), para a Câmara.
"Eles vieram aqui, dizem que vão defender a igreja. Eu vou votar." Maria se anima ao falar de Marina Silva (PSB), ainda que sua igreja não tenha sugerido candidato a presidente. "Eduardo [Campos] já estava salvo, por isso Deus levou ele. Porque agora é a vez de Marina."

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