Dom Roberto Francisco Ferreria Paz. Bispo
Diocesano de Campos (RJ)
Dize-me
como rezas e te direi quem eres. Neste Domingo somos convidados a luz da oração
autêntica do publicano examinar a forma e a prática de nossa oração. Não raro
nos colocamos diante de Deus como se fosse um Prefeito para atender nossas
reivindicações ou pior reconhecer nossas virtudes e planilha de serviços.
Outras
vezes recorremos ao subterfúgio de mostrar-nos mais cumpridores que os outros e
por tanto como o fariseu da parábola, merecedores dos favores e dos milagres de
Deus. A oração é antes que nada relacionamento gratuito e espontâneo com o Pai
dos Céus, brota de um coração grato e reconhecedor das faltas, erros,
imperfeições que temos e também na confiança plena na misericórdia divina.
Devemos apresentar-nos como pecadores, réus confessos, filhos pródigos
necessitados do perdão e da compaixão do nosso Deus.
Quando
o cônego Havelin na Igreja de Mont Martre em Paris, discorria como Jesus para
salvar-nos tinha assumido por inteiro a figura do servo que opta pelo último
lugar para resgatar-nos, um jovem arrogante e por certo insuportável chamado
Charles de Foucauld, sentiu que seu coração tinha um estremecimento e o
sufocava. Mais tarde converteu-se devido ao impacto desta pregação que tinha
desnudado a sua alma.
O
irmão Charles de Foucauld se tornou eremita, foi viver no deserto entre os
tuaregs sendo considerado justo e benigno pelos muçulmanos, morrendo
assassinado. Mahatma Ghandi o profeta da não violência e da firmeza da verdade
afirmava: "Devo reduzir-me a zero. Enquanto um homem não se considera
espontaneamente o último, não há para ele salvação". Ou ainda São
Francisco de Sales: "Só se sobe quando se desce".
Num
tempo que a visibilidade e o marketing vendem tudo, é importante não perder a
alma, recordando sempre que a humildade é o chão de todas as virtudes e o
caminho mais seguro para o Reino. Que Nossa Senhora do Rosário mestra da oração
simples, humilde e autêntica, nos ensine a não caírmos nas armadilhas da auto
suficiência na oração mas entregar confiantes nosso coração ao Pai Clemente e Misericordioso.
Deus seja louvado!
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