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quinta-feira, 9 de maio de 2013

Ascensão: tarefa nossa de levar adiante o Reino de Deus (Lucas 24.46-53)


Ascensão: tarefa nossa de levar adiante o Reino de Deus (Lucas 24.46-53)
Claudete Beise Ulrich, Pastora luterana

E tarefa nossa levar adiante o Reino de Deus que se mostra no Amor praticado.

Neste tempo especial da Ascensão e Dia das Mães, é o final do Evangelho de Lucas (Lucas 24.46-53) que nos inspira e nos convida à reflexão. A primeira parte do texto (Lucas 24.46-49) é uma breve interpretação da vida de Jesus numa perspectiva de continuidade da história. Os versículos 50 a 53 apresentam o evento da Ascensão propriamente dito, isto é, narram os acontecimentos que fazem a transição entre o fim da presença física de Jesus em meio aos discípulos e às discípulas e o começo da história da Igreja.

Assim está escrito
O texto que conclui o Evangelho de Lucas convida para uma visão de conjunto de todo o evangelho, ressaltando que o testemunho da boa-nova é movido pela experiência de encontro com o Cristo vivo e ressurreto, celebrado em torno do partilhar do pão, da leitura das Escrituras e da missão que permanece para os discípulos e as discípulas: "pregar em seu nome (Cristo Jesus) o arrependimento para remissão dos pecados a todas as nações, começando por Jerusalém".
Portanto, ser testemunha de Jesus é estar comprometido com a construção da paz, de uma profunda conversão diária, não só pessoal, mas também estrutural. Por isso, a importância de começar por Jerusalém. Jesus ressurreto anuncia: "Eis que envio sobre vós a promessa de meu Pai; permanecei, pois, na cidade, até que do alto sejais revestidos de poder". A cidade de Jerusalém não é mero registro geográfico, mas é o lugar messiânico onde o evangelho inicia e desde onde as nações o receberão.   Portanto, o medo será vencido pelo poder que virá do alto. Aqui o autor do Evangelho de Lucas já aponta para o acontecimento de Pentecostes, o qual podemos ler no capítulo 2 de Atos dos Apóstolos.

Jesus abençoa e se despede
Jesus leva os discípulos e as discípulas até Betânia. Jesus se retira da presença de seus amigos e amigas em Betânia. Ali, acontecem momentos muito significativos e importantes na vida de Jesus. Em Betânia, ele tem duas amigas, Marta e Maria (Lucas 10.38-42), e o amigo Lázaro (João 11.1). Em Betânia, Jesus é ungido (Marcos 14.3-9). Dali, ele parte para a sua entrada triunfal em Jerusalém (Lucas 19.29-37). O momento da Ascensão de Jesus é reservado aos que testemunharam e acompanharam a sua tarefa e que deverão, de agora em diante, levar a sua mensagem de amor ao mundo todo. Jesus despede-se carinhosamente com a bênção. A bênção de Jesus, desta forma, é única. Jesus abençoa porque se cumpriu o tempo de servir, chegou o tempo de ser glorificado (Lucas 24.50): "Jesus erguendo as mãos os abençoou". O gesto de erguer as mãos lembra o servir. E a bênção transmitida por Jesus é a força presente para a caminhada e a ação daqueles e daquelas que vão levar adiante a sua tarefa.
Jesus abençoa e se despede. A despedida de Jesus pode ser comparada com a visita de uma pessoa muito amiga e especial. Fica-se acenando até que se perca de vista a pessoa amada. Assim, penso que foi com a despedida de Jesus. Enquanto abençoava, afastava-se dos e das suas queridas. O tempo de Jesus na terra está encerrado, mas temos uma promessa: ele voltará. Porém, não estamos sós, pois nos enviou o poder do alto (realização de Pentecostes). O céu significa a participação plena de Jesus na vida de Deus. A Ascensão de Jesus, portanto, é descrita como um momento de enlevo também para os/as discípulos/as. Não há nada que descreva espanto, desorientação ou medo. A reação deles/as é de alegria e de louvor a Deus. Pareciam compreender perfeitamente o que estava acontecendo.

Ascensão: leva ao louvor a Deus e encaminha para um novo viver
Nos versículos 52 e 53 lemos: "Então, eles, adorando-o, voltaram para Jerusalém, tomados de grande júbilo; e estavam sempre no templo, louvando a Deus". Não somente Deus merece adoração, mas também Jesus Cristo é adorado, glorificado. Depois do momento de bênção e despedida de Jesus, e como resposta dos/as discípulos/as o momento de adoração a Jesus, eles voltam a Jerusalém, cheios de alegria e júbilo. A alegria dos/as discípulos/as não é uma alegria qualquer, cotidiana. É uma alegria profética, intimamente ligada à confirmação de que Jesus é o Messias. Tudo aquilo que ele viveu, fez e anunciou é verdade. A superação de todos os males da condição humana e planetária é possível. Outro mundo é possível! A alegria é a alegria pela libertação: Jesus, o Cristo, venceu a morte, ressuscitou e agora está junto de Deus. Conclui-se o que o evangelista já tinha anunciado em Lucas 1.14: o anúncio do nascimento de Jesus foi motivo de alegria para todo o povo. De agora em diante, Jesus não está mais conosco como ser humano, mas vive-se da fé naquele que viveu e anunciou o Reino de Deus e que, erguendo-se da terra, confirma o seu poder alicerçado no amor. O louvor a Deus é consequência da vida, morte, ressurreição e ascensão de Jesus, que encaminha para um novo viver em comunhão na espera do cumprimento da promessa do envio do Espírito Santo (Atos 2.42,47).

Ascensão e Dia das Mães
Duas datas importantes e queridas em nossas comunidades no Brasil e em todo o mundo. Aqui na Alemanha, Ascensão é feriado nacional e acontecem muitas celebrações e cultos. No Brasil, a celebração da Ascensão muitas vezes é um tanto esquecida. Como não é uma data comercial, não se pode vender muita coisa. Então, trata-se de esquecer esta data tão importante para nós que cremos em Jesus Cristo. A despedida de Jesus, a sua glorificação diante dos discípulos e das discípulas, fortalece a esperança e a luta pela superação dos mecanismos de opressão, marginalização e morte. Jesus dá esta tarefa a nós seus seguidores e seguidoras. A Ascensão é o sinal definitivo de que Deus pode mudar a realidade, vencendo as limitações humanas e os poderes deste mundo.
Essa esperança leva a celebrar. A celebração dá-se pelo ouvir a Palavra, partir do pão, louvor, agradecimento, reconhecimento, adoração, bênção, despedida. Assim, podemos também nós celebrar a Ascensão daquele que amamos e seguimos, Jesus Cristo. As comunidades que seguem a Cristo são também comunidades radicalmente acolhedoras e inclusivas, ecumênicas e comprometidas, pois, assim como os discípulos e as discípulas após a ressurreição, também entenderam que Deus põe-se do lado da Vida.
Quando celebramos Ascensão, lembramos também que, no segundo domingo de maio, celebramos o Dia das Mães. Assim, lembramo-nos de todas as mães de nosso Brasil, do continente latino-americano e do mundo. A celebração é um momento central na vida e na luta contra todas as violências e sofrimentos que também muitas mães enfrentam em seu cotidiano. Jesus sempre esteve acompanhado de sua mãe em todos os momentos importantes do seu ministério, da sua vida, morte e ressurreição. Portanto, as mães acompanham com fé e amor a vida de seus filhos e filhas, sofrem com suas dores e sonham esperançosas com um futuro bonito para eles e elas. A memória da Ascensão lembra-nos da vida toda de Jesus e acende em nós a chama do compromisso de construir um mundo de paz, justiça e amor, em harmonia com toda a natureza e todos os povos. Agradecemos às nossas mães na fé que nos transmitiram estes ensinamentos e pedimos ao Trino Deus: Ajuda-nos, como mães, a transmitir adiante às futuras gerações: nossos filhos e filhas e aos filhos e filhas de nossos filhos e filhas, a alegria da Ascensão de Jesus: ele ressuscitou, venceu a morte, foi elevado aos céus e está junto com Deus. E nós não estamos sós, porque em 10 dias, será Pentecostes!

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